Foi um desfecho estranho para uma viagem que começara de forma promissora. A transplanetária ‘La Provence’ era uma espaçonave veloz e confortável; seus passageiros, uma sociedade seleta e encantadora. Até que a chegada de um quantigrama bombástico acaba com a paz e o sossego dessa até então tranquila viagem a Marte.

[ LocJam 2024 ]

Tendo recentemente lido a coleção Incal, do Jodorowsky, e por estar atualmente jogando Cloudpunk, no Playstation, a mente andava fervilhando com o gênero cyberpunk, do qual eu já gosto bastante. A associação veio meio que naturalmente: pegar a história, que se passa numa viagem de transatlântico entre França/EUA no começo do século XX, e transportá-la para uma nave de cruzeiro interplanetária indo da Terra a Marte, em um futuro indefinido.

Resolvi começar fazendo a tradução direta do material, sem invencionices. Li os prefácios da edição em papel que tenho do livro aqui em casa, e também consultei minha amiga Andreia Manfrin, que traduziu alguns dos volumes da série para o português, para me familiarizar com o estilo da narrativa e a proposta do personagem. Baseado na tradução em inglês de George Morehead, traduzi o texto do começo ao fim e fui fazendo anotações sobre o que tinha potencial de ser modificado - desde os elementos mais óbvios, como o navio/nave, até os mais complicados, como adaptar o telégrafo (que é destacado na história original como uma grande revolução tecnológica e que, num futuro de viagens interplanetárias, seria uma tecnologia das mais básicas) e o destino de um certo objeto ao final do conto, que no original é jogado no mar - opção inviável no destino da nave, em Marte. Arsène Lupin, o Ladrão de Casaca (como o "gentleman-cambrioleur" é tradicionalmente traduzido no Brasil) virou Cybèrne LePunk, Hacker de Casaca, numa tentativa de manter a similaridade com a pronúncia do nome em francês.

Ao revisar o texto, fui acrescentando e modificando o necessário para transformar a história. Foi o momento de reformular parágrafos inteiros, alterar a ordem de acontecimentos, inserir narrativas que se repetiriam ao longo do conto para ser resgatadas ao final. Foi divertido. Aproveitei para inserir referências a diversas obras do cyberpunk, como Blade Runner e o supracitado Incal. Foi essa obra dos quadrinhos, aliás, lida com a tradução primorosa do Pedro Bouça, que me ajudou a perder o medo para inventar palavras compostas como "velocitrônico", "holoderme" e "quantigrama".

Depois, chegou a hora de modificar o arquivo HTML. Confesso que sou mais purista quando se trata de código e prefiro fazer o trabalho de forma manual, sem muita firula. Abri o arquivo pelo bloco de notas e fui modificando o texto e também parte do código para se adequar à formatação necessária. Além disso, percebi os links para as imagens usadas no e-book original: ilustrações estilo litogravura de um navio, um trem, uma iluminura e uma moldura para a capa. Como sou incapaz de resistir à tentação de mexer em tudo, criei imagens de temática cyberpunk para substituir todas as originais. Para algumas, usei Photoshop; para outras, usei o gerador de imagens do Bing (não deixando de incluir um disclaimer explicando isso na ficha técnica do próprio e-book). Subi tudo para um serviço de hospedagem de imagens e atualizei os links do HTML.

Depois, foi só subir tudo e... aqui estamos! Deem uma conferida! Espero que gostem.

Updated 17 days ago
Published 22 days ago
StatusReleased
CategoryBook
AuthorLuiz Fernando Alves

Comments

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First of all, the idea is brilliant. I love these different "experiments" in LocJAMs . I have just read it, and the adaptation is great! The way you changed a lot of things to fit this futuristic theme was amazing. :)

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Em primeiro lugar, acho a ideia denial. Adoro esses "experimentos" diferentes que as pessoas fazem nas LocJAMs. Acabei de ler agora, e a adaptação tá muito boa mesmo. O jeito que você mudou várias coisas pra encaixar na temática futurista foi espetacular. :)